Goiás

Rede de Combate ao Crime Rural já impacta segurança no campo

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Estratégia da Polícia Civil, aliada à tecnologia, facilita respostas às ocorrências  

Flávia Guerra

“Foi uma sensação de impotência, um baque para um criador que estava apenas começando. Nem gosto de reviver aquele momento”.  Com esse breve relato, o produtor rural Genecy Pereira Rodrigues relembra a sensação vivida há duas décadas, quando foi vítima de furto em sua propriedade, localizada no município de Nazário, a 70 quilômetros de Goiânia. Na oportunidade, 22 novilhas gordas foram levadas, deixando para trás apenas o rastro do caminhão utilizado para transportar os semoventes e o prejuízo para o produtor. “Eu estava no início da criação, não tinha nada”, relembra.

Genecy Rodrigues já teve novilhas furtadas

A sensação de insegurança e impotência vivida por Genecy no passado é compartilhada, ainda hoje, por outros produtores e pecuaristas, mas tem se tornado cada vez menos comum entre os moradores da zona rural, sobretudo depois de ações de segurança que focam delitos ocorridos fora dos limites urbanos. “Naquele tempo acontecia muito, tinha vizinhos que passaram a mesma coisa, na mesma época, a gente achava que era até um único grupo que fazia (os furtos). Graças a Deus, tem muito tempo que não ouço falar de crimes rurais por aqui”, comemora ele, que hoje cria cerca de 340 animais machos, para abate.

A percepção do criador não é coincidência. Dados do observatório de segurança pública divulgados recentemente mostram queda de 37% nas ocorrências de roubo na zona rural, quando comparado o primeiro semestre de 2021 com igual período de 2020. Entre as estratégias adotadas na área da Segurança Pública estão a criação do Batalhão Rural da Polícia Militar e o fortalecimento da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR), da Polícia Civil, que encabeça estratégia pioneira que permite maior capilaridade de atuação e maior retorno com as ações.

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Lançada em agosto de 2021, a Rede de Combate ao Crime Rural, criada pela portaria 465/2021 e coordenada pela DERCR, objetiva justamente incrementar o combate aos crimes rurais em todo o estado, por meio da adequada consolidação de dados e produção de informações sobre crimes dessa natureza, bem como da atuação integrada e colaborativa na investigação e nas operações policiais destinadas à repressão dessa modalidade delitiva.

Nesse contexto, os chamados pontos focais rurais, espalhados pelo estado, funcionam como uma espécie de filial da delegacia especializada, sediada em Goiânia, formando uma teia de comunicação e planejamento. Para tanto, o uso de instrumentos de trabalho tecnológicos, como os que possibilitam monitoramento ou comunicação de fatos em tempo real, tem sido peça fundamental para a geração de resultados positivos. Ferramentas como aplicativos de conversa permitem que produtores compartilhem o mesmo espaço virtual e troquem informações sobre movimentações suspeitas, por exemplo.

Conforme esclarece a delegada Rafaela Azzi, titular da DERCR, desde a criação dos pontos focais, não há novos registros de grandes furtos de gado em Goiás. A última grande ocorrência de vulto do gênero ocorreu em 30 de julho, em Vila Propício, quando ladrões furtaram quase uma centena de reses de uma propriedade, caso ainda em investigação. Segundo relata, os pontos focais – 18 ao todo – ficam responsáveis por crimes de média repercussão, que antes eram assumidos pelas delegacias locais.

“Agora, cada regional do estado possui policiais especialmente capacitados e treinados para essas investigações. Isso vai desafogar as delegacias, além de alimentar essa rede de informação”, explica. Para ela, o uso de ferramentas tecnológicas e o acesso dos produtores a esses artifícios são poderosos aliados no combate a crimes na zona rural. “Hoje, o acesso à internet já é realidade para grande parte dos produtores e pecuaristas, até como incremento para o próprio trabalho deles. Essa mesma conexão é favorece as ações de segurança pública”, ressalta.

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Atribuições
Por atribuição legal, a DERCR continua responsável pelas investigações de grande repercussão, em Goiânia e no interior, tais como roubos cometidos com violência e subtrações de grande monta envolvendo maquinário, semoventes ou insumos agrícolas e ainda ações cuja autoria possam estar relacionadas a organizações criminosas já investigadas pela especializada. Em pouco mais de um mês, desde quando foi lançada a Rede de Combate ao Crime Rural, a especializada recuperou seis máquinas agrícolas, prendeu 13 pessoas e cumpriu sete mandados de busca e apreensão.

O delegado-geral da Polícia Civil, Alexandre Pinto Lourenço, explica que, dependendo da complexidade do caso, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais instaura o procedimento investigativo adequado, contando com a atuação colaborativa do ponto focal da região para o cumprimento de diligências e atividades de investigação. “São como braços da delegacia”, resume. Foi o que aconteceu por ocasião da operação Rota 452, realizada na primeira quinzena de setembro. Dentre as apreensões, destacam-se quatro máquinas agrícolas avaliadas em R$ 1 milhão (foto à direita), um automóvel, aparelhos celulares, duas motocicletas, arma de fogo e munições.

O subgerente Yuri Machado Paiva de Lima foi vítima de um dos crimes apurados na operação, ocorrido em propriedade rural de confinamento de gado situada na região de Gouvelândia. Ele, a mãe, que também trabalha na fazenda, e a namorada foram rendidos por homens armados, que subtraíram dois tratores avaliados em cerca de R$ 280 mil cada. “O trabalho da Delegacia de Crimes Rurais, em conjunto com a delegacia de Bom Jesus e com a Polícia Militar foi excelente. No dia seguinte ao roubo já estávamos com as máquinas nas mãos”, elogia.

Além da parceria com as demais forças de segurança, a Rede de Combate ao Crime Rural também vai atuar em parceria com órgãos e instituições privadas ligadas à atividade rural, visando à consolidação de informações e fixação de estratégias e ações de combate aos delitos nesse ambiente. À Delegacia Estadual de Crimes Rurais caberá coordenar essa atuação, por meio da propositura e implementação de ações conjugadas, e do compartilhamento de informações com cada Ponto Focal Rural, estruturados especialmente para esse fim.

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